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Drogas: o perigo ronda as escolas

(Getty Images)
"Já experimentei maconha, ecstasy, LSD e lança perfume, sempre em festas e na companhia de amigos. Na minha escola, entre os mais velhos, difícil é achar quem nunca usou nenhuma dessas coisas". A declaração é de uma garota de apenas 14 anos, que estuda em um colégio de classe média de São Paulo. Há ainda um dado a ser acrescentando na já preocupante relação entre jovens e drogas: a escola, local onde crianças e adolescentes passam a maior parte do tempo, vem se tornando a porta de entrada para o mundo da experimentação.
"É ali que os jovens aprendem a beijar e têm sua iniciação sexual, mas também pode ser ali o lugar onde eles terão o primeiro contato com as drogas", afirma Ronaldo Laranjeira, psiquiatra e coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Geralmente, a experiência começa com drogas legais, como álcool, tabaco e cola de sapateiro. Em seguida, entram as drogas ilícitas e, entre essas, a maconha está em primeiro lugar quando se trata de ambiente escolar."
Não há números globais sobre a penetração das drogas na escolas brasileiras. Contudo, a impressão generalizada e os dados esparsos indicam que ela avança. "Pesquisas locais já apontavam para o uso precoce dessas substâncias", revela Paulina Vieira Duarte, titular da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).
Aula anti-droga - O problema já bateu às portas da cúpula da educação pública no Brasil. Prova disso é que, no próximos dia 17, professores de todo o país encerrarão um curso de capacitação à distância para lidar com o assunto. A ação é uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC), a Universidade de Brasília (UnB) e a Senad.
O objetivo é formar profissionais capazes de abordar adolescentes já usuários de drogas e conscientizar aqueles que ainda não se envolveram com esse tipo de problema. Constam do treinamento também orientações sobre como lidar com uma constatação crescente: o consumo e eventualmente até o tráfico de drogas se dá dentro dos muros da escola.
O crescimento do números de profissionais treinados pelo MEC dá uma ideia da evolução desses problemas: em 2004, na primeira edição da capacitação, foram 5.000 educadores provenientes de mil escolas públicas do país. Neste ano, serão 25.000, de 4.658 unidades de todos os estados.
"A ainda há uma demanda reprimida de mais de 15.000 vagas", afirma Paulina, da Senad. "Precisamos preparar os professores para que eles saibam abordar o problema de drogas nas escolas, além de realizar o encaminhamento adequado para a rede de serviços de atenção a usuários e seus familiares".
De acordo com pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Unifesp, 57% dos jovens entre 12 e 17 anos consideram que obter drogas em "qualquer momento" é "muito fácil". Em 2001, 48,3% já tinham ingerido álcool; três anos depois, eram 54,3%. O consumo de maconha também subiu: de 6,9%, em 2001, para 8,8% em 2005.
Quase 80% das adolescentes se sentem inseguras ao acessar a Internet, diz pesquisa
Estudo indica ainda que apenas um terço deste total sabe a quem e como relatar uma situação de perigo online.
Uma pesquisa realizada pela ONG Plan Brasil juntamente com a entidade Parceria para a Proteção da Criança e do Adolescente (CPP, em inglês), indica que 79% das adolescentes brasileiras não se sentem seguras ao acessar a Internet.
O estudo, intitulado “Adolescentes Brasileiras em um Mundo Digital” entrevistou 400 jovens de todo o país, por meio de questionários na internet, além de ter sido aplicada também presencialmente em escolas públicas e privadas, nas cidades de São Paulo e Santo André, em 44 meninas e 49 meninos.
Mesmo as adolescentes que conhecem mais a fundo a internet – 27% disseram estar constantemente conectadas e 60% afirmaram conhecer os perigos da rede – ainda não sabem como se defender quando diante de situações aparentemente arriscadas. Apenas um terço declarou saber a quem e como relatar uma situação de perigo online. Pelo estudo, chegou-se à conclusão que nem mesmo o consentimento dos pais traz sensação de conforto, uma vez que 48% delas afirmaram que os responsáveis não sabem o que elas acessam na rede.
Segundo o gerente da CPP, Luiz Rossi, a falta de familiaridade com as novas tecnologias é um dos fatores que dificultam ações mais efetivas por parte dos pais dos jovens que acessam a internet regularmente. “A atitude é mais de punição do que de orientação, porque os pais não estão sabendo como lidar com uma tecnologia que eles desconhecem”.
A situação acaba por deixar vulneráveis especialmente as meninas, na avaliação de Rossi. “Isso porque, tradicionalmente, elas são mais abusadas e exploradas sexualmente, mesmo na sua vida presencial”. Segundo ele, essa também foi a percepção geral dos jovens ouvidos pelo estudo.
A exposição das meninas ao risco de abusos é, de acordo com Rossi, outro ponto que se agrava nas classes mais baixas. “Hoje, as meninas estão apresentando uma forma de sexualidade muito desenvolvida, precocemente, principalmente nas comunidades de mais baixa renda”.
O problema aumenta em relação às famílias de menor renda, nas quais as jovens, em sua maioria, usam o computador fora de casa, normalmente, em uma lan house. Nesse ambientes, destaca Rossi, existe pouco controle sobre o que os jovens acessam a rede.
Além disso, as famílias com menor condição financeira têm, em média, menos conhecimento sobre as novidades da informática. “Os pais não sabem o que está acontecendo porque não usam a internet e não sabem como fazê-lo”, ressaltou Rossi.
Por Redação do IDG Now!
Publicada em 27 de setembro de 2009 às 11h20
Atualizada em 27 de setembro de 2010 às 11h35
VIOLÊNCIA É ATRATIVO PARA JOVENS SEM FUTURO
VIOLÊNCIA É ATRATIVO PARA JOVENS SEM FUTURO
Violência é atrativo para jovens sem futuro, diz estudo
10 de março de 2008 • 04h54 • atualizado às 05h42
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A pesquisadora Thais Cardinale Branco, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) estabeleceu a relação da violência com o comportamento e os valores de jovens que vivem em bairros da periferia de São Paulo. Segundo ela, a violência é um atrativo. Armas, drogas e homicídios tornam-se sedutores para jovens que vivem em condições sem perspectiva diante da pobreza do meio em que vivem. Mais do que o retorno financeiro, a expectativa é de que a escolha pelas atividades ilegais seja uma maneira de adquirir respeito e admiração.
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Thais conviveu durante dez anos com a população de um bairro de baixa renda da periferia e traçou um paralelo entre a valorização de símbolos ligados à violência entre os jovens da comunidade. "O principal interesse da minha pesquisa foi verificar como os jovens que habitam a periferia pobre da cidade de São Paulo legitimam a violência", explica a pesquisadora.
Honra e masculinidade
Apesar da condição financeira, os fatores que levam os jovens, de modo geral, a valorizarem a violência são a defesa da honra (em resposta a humilhações ou mesmo a pequenas situações sentidas como ofensivas), enaltecimento da identidade masculina (sendo que grande parte deles foi criada sem a figura paterna, em situação de abandono), obter respeito e admiração de amigos, parentes e até figuras da sociedade (ainda que de forma inversa, ao sentir medo), fidelidade (defesa do grupo a que pertence), demonstrar competência de agressão, proteção de entes queridos, além de ocultamento ou compensação de déficits sentidos como vergonhosos.
A junção desses valores e a variação deles em cada caso (cada história de vida) justificariam e validariam o recurso à violência na visão de parte destes jovens.
"Assim como todos os jovens, a questão da afirmação social pesa muito e a necessidade de evitar a rejeição social naquele grupo ao qual pertencem é muito grande", analisa o sociólogo Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz.
Ele explica que da mesma forma que adolescentes da classe média tentarão se impor ao usar roupas de grife e burlar a vigilância dos pais para pegar sair com o carro, nas camadas mais pobres, a referência para esses jovens está ligada a quem tem poder no local em que vivem, geralmente os traficantes.
"Esses jovens se inspiram no modelo que têm, já que muitas vezes não têm referência mais forte de pais ou mães", observa Gonçalves da Cruz. "A questão econômica não é determinante, senão veríamos regiões muito pobres como o interior do Piauí com os mais altos índices de criminalidade e violência, quando concentram-se nas metrópoles."
No meio em que vivem, o convívio no mundo violento de brigas, tiroteios e cadáveres, muitas vezes dessensibiliza os adolescentes e repercute na formação de seus valores.
O comportamento agressivo também é associado a uma forma de defesa, explica Thaïs. Mesmo que a pessoa não pratique de fato a violência, recorre à postura e a expressões agressivas, roupas escuras e imagens ameaçadoras. Para a pesquisadora, há, na história de vida desses jovens, ausência paterna, maus tratos e falta de quem pôde se dedicar suficientemente a eles na infância.
"Os jovens que vivem em comunidades carentes e em situação de risco são os que estão mais sujeitos ao que chamamos de desestruturação social múltipla, na mesma proporção em que se tornam pontas-de-lança da disseminação da criminalidade violenta", explica Márcio Lázaro, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
